O ser não é o não ser
O ser é ser na essência de ser
De falar ou calar, de se definir e negar
Ser ou não ser
Não é escolha, é condição
O ser pensa e não pensa
Então desata, falha
O ser deixa de ser quando falta
Se afasta,
Se sou já não sou outra cousa
Então, me basta?
Ser ou não ser
É a incrível tentativa de se deparar (ou contentar),
com essa e outras indagações
Que são e não são
quarta-feira, 2 de junho de 2010
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Desconsideração
Fui achando meu caminho na literatura, poesia
E descobrindo versos sem demoras
E não suspirei tanto de amor, mas a dor causada aclamava
E reuini em mim outros tantos poetas
Quase desconhecidos, quase loucos e sábios
Acarretei no céu novas nunvens
Repreendi-me e surpreendi-me sem rimas quase todo tempo
Estive quieto escrevento no canto, autobiografia
A vaidade só minha, e uma sensação de alivio
É só isso que se faz Escrever
É mais, sempre mais
E descobrindo versos sem demoras
E não suspirei tanto de amor, mas a dor causada aclamava
E reuini em mim outros tantos poetas
Quase desconhecidos, quase loucos e sábios
Acarretei no céu novas nunvens
Repreendi-me e surpreendi-me sem rimas quase todo tempo
Estive quieto escrevento no canto, autobiografia
A vaidade só minha, e uma sensação de alivio
É só isso que se faz Escrever
É mais, sempre mais
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Luso
Portugal que sempre ouvi falar
De terras e aldeias que iludiram minha infância
Na verdade participei de suas guerras não históricas, mas pessoais
Tenho sangue de colonizador
Tenho sangue de colonizado
Fico no Brasil e me crio
Não quero mudar meu escudo
Que é meio pouco e muito criativo
Portugal que me trouxe o gosto literário
Roubou-me a carta de alforria
Deu-me a melancolia, o passo mais arraigado
Lugares que não conheci, convive somente
Entre fados e fatos
Tentei buscar em mim o meu canto
Todo canto é menor do que a vida de qualquer pessoa
É registro apenas
Mas, não para o português
E da África vieram os colares
As essências sempre presentes
E no Brasil cá estou
E não me mudo porque é nele que sou filho
De uma mãe distante
De um pai guerreiro
Henrique Pires
De terras e aldeias que iludiram minha infância
Na verdade participei de suas guerras não históricas, mas pessoais
Tenho sangue de colonizador
Tenho sangue de colonizado
Fico no Brasil e me crio
Não quero mudar meu escudo
Que é meio pouco e muito criativo
Portugal que me trouxe o gosto literário
Roubou-me a carta de alforria
Deu-me a melancolia, o passo mais arraigado
Lugares que não conheci, convive somente
Entre fados e fatos
Tentei buscar em mim o meu canto
Todo canto é menor do que a vida de qualquer pessoa
É registro apenas
Mas, não para o português
E da África vieram os colares
As essências sempre presentes
E no Brasil cá estou
E não me mudo porque é nele que sou filho
De uma mãe distante
De um pai guerreiro
Henrique Pires
domingo, 13 de setembro de 2009
Poema Frase
O dia começa com pão com manteiga. Café pingado três vezes. Uma sacudida forte e benção pra tudo ocorrer bem. Começa no maquinal e surpreendente “Bom Dia” ora sussurrado, ora declamado. Nenhum dia começa na pia cara lavada. Ele vem depois de algumas bocejadas e baforadas. Todo dia começa no abrir os olhos mesmo que seja no sentido mais limitado disso. O sol que vem ou se ausenta. As persianas que se desfolham. O ruído dos tacos. O choque dos calcanhares. A celebração ou desprezo a mesa. O gesto de abrir. O gesto de fechar. Os três passos quase que tateados ao despertador. A ida ao banho. A volta pra buscar o esquecido. O dia começa na estúpida concretização dessas ações, na terna intenção de cobri-las de novidades, esperanças. Começa outra guerra, outro encontro com o desconhecido, outra maravilhosa oportunidade de amar. O dia começa até mesmo antes de começar - assim escrevendo uma poesia as duas e trinta e seis da manhã. É alvorada, prelúdio, nosso canal com o mundo.
Henrique Pires
Henrique Pires
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Simples desejo
Dedicado a quem me possibilitu a vida - Maria Ermelinda
Sensualidade pouca e vazia
Que se mistura nos tijolos
E nas mãos de tantas mães
Essas esperam um não sei o quê
Nem pra quê
Nem tem por quê contradizer
Basta dizer que é mãe e mais nada
Seus filhos soletrados aos beros
Carentes de tudo e ao mesmo tempo fartos de sí mesmos
Já são sábios com pouca idade
E a malícia é a maldade de quem vê
Sempre vamos ao encontra da escola
Seja qual for sua arquitetura
Pobre ou noturna esperamos à porta
As mães de lábios mansos e afrouxados
São firmes na decisão da vida
Afloram quase sempre na despedida
E no fundo são quase mudas
Sensualidade pouca e tardia
A entrega mártire de um Amor incondicional
Nem todas são heroínas
Mas todas podem voar
E quando fazem não voltam mais
Seus filhos soletrados ao vazio
Escapam, esperneam e acostumam-se
a permanecer sós na presença de outros tantos mais
Então tiveste mãe?
Ou ela que te teve no seio farto dos dias?
Beber o leite e alegrar as fotos
Agora são lembranças findas de minha mãe Maria
Henrique Pires
Sensualidade pouca e vazia
Que se mistura nos tijolos
E nas mãos de tantas mães
Essas esperam um não sei o quê
Nem pra quê
Nem tem por quê contradizer
Basta dizer que é mãe e mais nada
Seus filhos soletrados aos beros
Carentes de tudo e ao mesmo tempo fartos de sí mesmos
Já são sábios com pouca idade
E a malícia é a maldade de quem vê
Sempre vamos ao encontra da escola
Seja qual for sua arquitetura
Pobre ou noturna esperamos à porta
As mães de lábios mansos e afrouxados
São firmes na decisão da vida
Afloram quase sempre na despedida
E no fundo são quase mudas
Sensualidade pouca e tardia
A entrega mártire de um Amor incondicional
Nem todas são heroínas
Mas todas podem voar
E quando fazem não voltam mais
Seus filhos soletrados ao vazio
Escapam, esperneam e acostumam-se
a permanecer sós na presença de outros tantos mais
Então tiveste mãe?
Ou ela que te teve no seio farto dos dias?
Beber o leite e alegrar as fotos
Agora são lembranças findas de minha mãe Maria
Henrique Pires
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Aquela Negra
Vi aquela negra nua
Boca vermelha
Brincos argolados
Cabelos armados
Tinha o rosto virado
Envaidecido pela idade
Cor de destaque
Ornando no ambiente pálido
Aparentava entre trinta e trinta e cinco
Não sabia dizer o que fazia
Se examinava ou fitava os transeuntes que passavam
Era estupidamente bela e negra
Toda harmonia nas pontas dos seus seios
Que saltavam aos olhos
E animavam outros pontos
Não era vulgar
Tampouco vaidosa
Era natural
E esse natural transbordava, embriagava, entorpecia todos nós
Aquela negra carregava no ventre um filho
Que não significava retrato de miséria, pois nada pedia
Era o contrário – vida brotando no espaço ondulado do seu corpo
Não pude beijar aqueles lábios
Aprofundar minhas mãos no espaço que em V se finalizava
Aquela negra se respeitava
Como mulher, mãe, criação
Aquela negra poderia ser qualquer outra
Residente de qualquer cidade, estado ou país
O que as tornam irmanadas não são suas afro-descendências
E sim na decência de ser negra e mais nada
Henrique Pires
Boca vermelha
Brincos argolados
Cabelos armados
Tinha o rosto virado
Envaidecido pela idade
Cor de destaque
Ornando no ambiente pálido
Aparentava entre trinta e trinta e cinco
Não sabia dizer o que fazia
Se examinava ou fitava os transeuntes que passavam
Era estupidamente bela e negra
Toda harmonia nas pontas dos seus seios
Que saltavam aos olhos
E animavam outros pontos
Não era vulgar
Tampouco vaidosa
Era natural
E esse natural transbordava, embriagava, entorpecia todos nós
Aquela negra carregava no ventre um filho
Que não significava retrato de miséria, pois nada pedia
Era o contrário – vida brotando no espaço ondulado do seu corpo
Não pude beijar aqueles lábios
Aprofundar minhas mãos no espaço que em V se finalizava
Aquela negra se respeitava
Como mulher, mãe, criação
Aquela negra poderia ser qualquer outra
Residente de qualquer cidade, estado ou país
O que as tornam irmanadas não são suas afro-descendências
E sim na decência de ser negra e mais nada
Henrique Pires
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Confusão de tons
O amarelo é verde
O verde é branco
O branco é cor-de-rosa
O cor-de-rosa é a mistura do azul com o preto
O azul inexiste sem o preto
O contrário não é válido
As cores fazem cartazes
Bolhas de sabão
Sabão lavam as mãos, mas não a alma
A aquarela muito diluída - destoa
Sem tom perdemos a fala
E se falamos muito é porque não observamos as cores
O vermelho é assim vergonhoso
O bege extravagante. quase indecente
Cada um faz suas concepções
E nas ações temos tintas perdidas
Pinto de laranja a ponte rachada de Outono
Pinto de jasmin a flor turquesa
O branco morreu na paz
O preto na guerra
O amarelo no sol tardio
Aquarela,
Ela,
A inovar e nos deixar as cores da esperança que gira, gira, sempre gira
Henrique Pires
O verde é branco
O branco é cor-de-rosa
O cor-de-rosa é a mistura do azul com o preto
O azul inexiste sem o preto
O contrário não é válido
As cores fazem cartazes
Bolhas de sabão
Sabão lavam as mãos, mas não a alma
A aquarela muito diluída - destoa
Sem tom perdemos a fala
E se falamos muito é porque não observamos as cores
O vermelho é assim vergonhoso
O bege extravagante. quase indecente
Cada um faz suas concepções
E nas ações temos tintas perdidas
Pinto de laranja a ponte rachada de Outono
Pinto de jasmin a flor turquesa
O branco morreu na paz
O preto na guerra
O amarelo no sol tardio
Aquarela,
Ela,
A inovar e nos deixar as cores da esperança que gira, gira, sempre gira
Henrique Pires
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