sábado, 14 de março de 2009

Drummond sempre eterno

Drummond sempre eterno te vejo
Sempre a espera da palavra
Esta cálida, lida ao desejo
E em seus sentidos, decifrada

Drummond poeta-menino
De alcances inimagináveis
Nasceu do aço de Itabira
E reside agora na pouca casa

Drummond presente te sinto
Na percepção das imagens
Desse, de outro tempo
Tão igual, tão honesto ao passado

Drummond sempre eterno te sigo
Em vão não posso copiar-te
És único poeta que sorri
Assim sem mais alarde

Drummond se fosse menos magnífico
Poderia eu e tantos outros poetas
Na curva do tempo calar-te

Henrique Pires

quarta-feira, 11 de março de 2009

Interrogações

O que somos? Verdades? Mentiras? Contradições? Somos muitos? Somos poucos? Livres? Presos? Indecisos? Arbitrários? O que vale a nossa vida? Viver? Morrer? Festejar, talvez? O que queremos? Roupas? Dinheiro? Alegrias? Saudades? E o amor, virá? Paixões? Loucuras? Equilíbrio? O que fazemos? Onde está nossa alma? Ouvimos? Entendemos? E fazemos?

O que vem depois? O progresso? A evolução? Regressão nas ações? A ambição tecnológica se chegue e nos cega? A banalidade é tão ruim? E a especialidade é tão boa? E os crimes? Quem irá catalogar os Deuses todos? Quem poderá sentir o perfume que nos entorpece? E nos entorpecemos?

O que escrever? Nada? Tudo? Difícil? Fácil? O que tem mais valor? Podemos viver sem amanhecer? E se anoitecêssemos? Tempo? Invenção? Transcende nos lábios a pouca verdade sem interrogação. Chegamos a algum ponto. Disperso. Só. Se olhar com atenção poderá discorrer sobre algo. Filosofar? Ser ou não ser? Que seja gratuito. Honesto. Estamos aqui, ali, acolá a procurar nossa identidade que se perde, esvazia, dissolve-se.

Tanta interrogação não servirá pra nada se não buscamos respostas. Estas não são necessariamente verdades absolutas e sim um nosso olhar sobre o mundo. Sobre nós mesmos. O medo pode corroer, a saudade sufocar, mas a (in)definição é o maior mal. Toda pornografia é agressiva porque no fundo ela é o que é, sem maquiagens, sem se salvar no meio de tudo. Não seja pornográfico, mas seja sim tua verdade. Defendida, honrada todos os dias. No fim não será o mais perfeito, mas será uma pessoa e não uma mera personagem.


Henrique Pires

domingo, 8 de março de 2009

KD VC TÁ "OFF" PQ

Queremos fazer tudo ao mesmo tempo. Conectados. A internet nos faz heróis. Mas, o que você queria mesmo era ser um grande vilão. Fotos. Blogs. Confissões. Amizades virtuais. Quer-me no orkut, entre seus contatos. Não me ligue, mande uma mensagem, é mais fácil, rápido. Queremos mostrar o que nos falta. Queremos submeter nossa vida a milhões de curiosos. Pesquisamos. Estamos em sintonia ouvindo nosso som. Baixa daqui. Posta dali. E agora, desligou a televisão?
Queremos uma saída sadia pra essa vida vazia. Não posso te tocar. Podemos nos ver, liga a webcam aí. Digita no google a palavra “saudade” e vê o que aparece. Aparece lá na faculdade e manda um e-mail pra mim. Abro o msn e kd vc tá “offpq. Queremos fazer tudo ao mesmo tempo. Conectados. Distanciados pelo que nos aproxima. Essa é a tecnologia. A era da comunicação. Abram suas gargantas e gritem. Quem sabe alguém que não tenha um mp qualquer no ouvido possa te escutar. Fecho a janela, desligo e agora por mais uma noite posso eu “desplugar”.

Henrique Pires